Transtornos Ansiosos, Pânico e Fobias
Os Transtornos Ansiosos e os Transtornos do Humor respondem pela
larga maioria dos diagnósticos mais frequentes firmados nos
países desenvolvidos. Somente nos Estados Unidos da América,
estes dois grupos de Transtornos Psiquiátricos principais
respondem, juntos, por cerca de 45 por cento de todos os
diagnósticos psiquiátricos firmados.
Também, segundo uma miríade de estatísticas a nível global, os
Transtornos Ansiosos ocupam, juntamente com os Transtornos do
Humor (Depressão e Bipolaridade), as primeiras colocações quer
seja em prevalência como em incidência. De modo simples, a
prevalência de uma doença refere-se a quantas pessoas estão
doentes (o número de casos existentes) enquanto a incidência
pode quantificar o número de pessoas que tornaram-se doentes
(casos novos).
Estas estatísticas revelam que dentre os dez transtornos
psiquiátricos mais prevalentes, os transtornos ansiosos, quando
agrupados, superam os casos de Depressão (transtornos do humor)
nos países desenvolvidos. Segundo os Centers for Disease
Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção de
Doenças) dos Estados Unidos, pessoas portadoras de transtornos
de ansiedade são de três a cinco vezes mais propensas a buscar
ajuda psiquiátrica e têm seis vezes mais chances de serem
hospitalizadas em razão desses transtornos do que aquelas que
não sofrem de transtornos de ansiedade.
Os transtornos ansiosos podem se desenvolver a partir de
complexas interações de fatores tais como: hereditariedade,
personalidade, estilo de vida social ou laboral e frequentemente
possuem um ou mais fatores desencadeantes identificáveis.
Já, especificamente, no que diz respeito às Fobias, estas,
lamentavelmente, ocupam lugar de destaque entre os transtornos
psiquiátricos, seguindo-se a elas outros transtornos ansiosos,
tais como: o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), o Transtorno
de Estresse pós-traumático, a Síndrome do Pânico e o Transtorno
de Ansiedade Generalizada.
Fobias e Transtornos Fóbico-Ansiosos
A Classificação Internacional de Doenças - CID, assim define os
seguintes transtornos de ansiedade:
- F40 Transtornos fóbico-ansiosos
Grupo de transtornos nos quais uma ansiedade é desencadeada
exclusiva ou essencialmente por situações nitidamente
determinadas que não apresentam atualmente nenhum perigo real.
Estas situações são, por esse motivo, evitadas ou suportadas com
temor. As preocupações do sujeito podem estar centradas sobre
sintomas individuais tais como palpitações ou uma impressão de
desmaio, e freqüentemente se associam com medo de morrer, perda
do autocontrole ou de ficar louco. A simples evocação de uma
situação fóbica desencadeia em geral ansiedade antecipatória. A
ansiedade fóbica freqüentemente se associa a uma depressão. Para
determinar se convém fazer dois diagnósticos (ansiedade fóbica e
episódio depressivo) ou um só (ansiedade fóbica ou episódio
depressivo), é preciso levar em conta a ordem de ocorrência dos
transtornos e as medidas terapêuticas que são consideradas no
momento do exame. (CID 10)
- F40.0 Agorafobia
Grupo relativamente bem definido de fobias relativas ao medo de
deixar seu domicílio, medo de lojas, de multidões e de locais
públicos, ou medo de viajar sozinho em trem, ônibus ou avião. A
presença de um transtorno de pânico é freqüente no curso dos
episódios atuais ou anteriores de agorafobia. Entre as
características associadas, acham-se freqüentemente sintomas
depressivos ou obsessivos, assim como fobias sociais. As
condutas de evitação comumente são proeminentes na
sintomatologia e certos agorafóbicos manifestam pouca ansiedade
dado que chegam a evitar as situações geradoras de fobia. (CID
10)
- F40.1 Fobias sociais
Medo de ser exposto à observação atenta de outrem e que leva a
evitar situações sociais. As fobias sociais graves se acompanham
habitualmente de uma perda da auto-estima e de um medo de ser
criticado. As fobias sociais podem se manifestar por rubor,
tremor das mãos, náuseas ou desejo urgente de urinar, sendo que
o paciente por vezes está convencido que uma ou outra destas
manifestações secundárias constitui seu problema primário. Os
sintomas podem evoluir para um ataque de pânico. (CID 10)
- F40.2 Fobias específicas
Fobias limitadas a situação altamente específicas tais como a
proximidade de determinados animais, locais elevados, trovões,
escuridão, viagens de avião, espaços fechados, utilização de
banheiros públicos, ingestão de determinados alimentos, cuidados
odontológicos, ver sangue ou ferimentos. Ainda que a situação
desencadeante seja inofensiva, o contato com ela pode
desencadear um estado de pânico como na agorafobia ou fobia
social. (CID 10)
Tratamentos
Ainda que o leque de opções de tratamentos para os transtornos
ansiosos seja significativamente amplo, as medicações com
propriedades ansiolíticas permanecem sendo a principal opção de
muitos pacientes e também de muitos psiquiatras em todo o
Ocidente.
Em muitas das vezes, são os próprios pacientes que, quando nos
procuram, já realizaram a detecção dos fatores causadores ou
desencadeantes de diversos transtornos de ansiedade (ou de suas
formas de apresentação), como por exemplo: Insatisfação ou
frustração profissional, expectativas incessantes em relação ao
futuro, preocupações com familiares, problemas relacionados ao
convívio social, desentendimentos e desavenças no ambiente de
trabalho, endividamento, processos judiciais, desemprego, dentre
outros.
Também em razão da objetividade da compreensão dos fatores
desencadeantes de transtornos ansiosos por parte desses
pacientes, e pela compreensão do seu próprio adoecer psíquico,
um expressivo número deles não deseja se submeter a
psicoterapias, mas expressam o desejo de obter alívio, o mais
rapidamente possível, de seu sofrimento, o que é absolutamente
compreensível.
De qualquer modo, convém aos psiquiatras apresentar a estes
pacientes as opções de tratamento que poderão receber.
Evidentemente, caberá ao psiquiatra, em acordo terapêutico com
cada um de seus pacientes, estabelecer o tratamento mais
adequado a cada caso. Em se tratando de medicação, buscam-se
sempre as medicações mais eficazes para dado diagnóstico, com
menor incidência de efeitos colaterais, comodidade posológica,
sendo importante informar ao paciente os custos da medicação (ou
das medicações) que estarão presentes no tratamento.
Referências:
-ADAA - Anxiety and Depression Association of America
-USA - Centers for Disease Control and Prevention
-National Institute of Mental Health (NIMH)
-U.S. Department of Health and Human Services.
Dr Eduardo Adnet
Médico Psiquiatra e Nutrólogo