Dr Eduardo Adnet


Médico Psiquiatra e Nutrólogo

Transtornos Ansiosos, Pânico e Fobias

 


Os Transtornos Ansiosos e os Transtornos do Humor respondem pela larga maioria dos diagnósticos mais frequentes firmados nos países desenvolvidos. Somente nos Estados Unidos da América, estes dois grupos de Transtornos Psiquiátricos principais respondem, juntos, por cerca de 45 por cento de todos os diagnósticos psiquiátricos firmados.

Também, segundo uma miríade de estatísticas a nível global, os Transtornos Ansiosos ocupam, juntamente com os Transtornos do Humor (Depressão e Bipolaridade), as primeiras colocações quer seja em prevalência como em incidência. De modo simples, a prevalência de uma doença refere-se a quantas pessoas estão doentes (o número de casos existentes) enquanto a incidência pode quantificar o número de pessoas que tornaram-se doentes (casos novos).

Estas estatísticas revelam que dentre os dez transtornos psiquiátricos mais prevalentes, os transtornos ansiosos, quando agrupados, superam os casos de Depressão (transtornos do humor) nos países desenvolvidos. Segundo os Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos, pessoas portadoras de transtornos de ansiedade são de três a cinco vezes mais propensas a buscar ajuda psiquiátrica e têm seis vezes mais chances de serem hospitalizadas em razão desses transtornos do que aquelas que não sofrem de transtornos de ansiedade.

Os transtornos ansiosos podem se desenvolver a partir de complexas interações de fatores tais como: hereditariedade, personalidade, estilo de vida social ou laboral e frequentemente possuem um ou mais fatores desencadeantes identificáveis.

Já, especificamente, no que diz respeito às Fobias, estas, lamentavelmente, ocupam lugar de destaque entre os transtornos psiquiátricos, seguindo-se a elas outros transtornos ansiosos, tais como: o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), o Transtorno de Estresse pós-traumático, a Síndrome do Pânico e o Transtorno de Ansiedade Generalizada.

Fobias e Transtornos Fóbico-Ansiosos

A Classificação Internacional de Doenças - CID, assim define os seguintes transtornos de ansiedade:

- F40 Transtornos fóbico-ansiosos

Grupo de transtornos nos quais uma ansiedade é desencadeada exclusiva ou essencialmente por situações nitidamente determinadas que não apresentam atualmente nenhum perigo real. Estas situações são, por esse motivo, evitadas ou suportadas com temor. As preocupações do sujeito podem estar centradas sobre sintomas individuais tais como palpitações ou uma impressão de desmaio, e freqüentemente se associam com medo de morrer, perda do autocontrole ou de ficar louco. A simples evocação de uma situação fóbica desencadeia em geral ansiedade antecipatória. A ansiedade fóbica freqüentemente se associa a uma depressão. Para determinar se convém fazer dois diagnósticos (ansiedade fóbica e episódio depressivo) ou um só (ansiedade fóbica ou episódio depressivo), é preciso levar em conta a ordem de ocorrência dos transtornos e as medidas terapêuticas que são consideradas no momento do exame. (CID 10)

- F40.0 Agorafobia

Grupo relativamente bem definido de fobias relativas ao medo de deixar seu domicílio, medo de lojas, de multidões e de locais públicos, ou medo de viajar sozinho em trem, ônibus ou avião. A presença de um transtorno de pânico é freqüente no curso dos episódios atuais ou anteriores de agorafobia. Entre as características associadas, acham-se freqüentemente sintomas depressivos ou obsessivos, assim como fobias sociais. As condutas de evitação comumente são proeminentes na sintomatologia e certos agorafóbicos manifestam pouca ansiedade dado que chegam a evitar as situações geradoras de fobia. (CID 10)

- F40.1 Fobias sociais

Medo de ser exposto à observação atenta de outrem e que leva a evitar situações sociais. As fobias sociais graves se acompanham habitualmente de uma perda da auto-estima e de um medo de ser criticado. As fobias sociais podem se manifestar por rubor, tremor das mãos, náuseas ou desejo urgente de urinar, sendo que o paciente por vezes está convencido que uma ou outra destas manifestações secundárias constitui seu problema primário. Os sintomas podem evoluir para um ataque de pânico. (CID 10)

- F40.2 Fobias específicas

Fobias limitadas a situação altamente específicas tais como a proximidade de determinados animais, locais elevados, trovões, escuridão, viagens de avião, espaços fechados, utilização de banheiros públicos, ingestão de determinados alimentos, cuidados odontológicos, ver sangue ou ferimentos. Ainda que a situação desencadeante seja inofensiva, o contato com ela pode desencadear um estado de pânico como na agorafobia ou fobia social. (CID 10)


Tratamentos

Ainda que o leque de opções de tratamentos para os transtornos ansiosos seja significativamente amplo, as medicações com propriedades ansiolíticas permanecem sendo a principal opção de muitos pacientes e também de muitos psiquiatras em todo o Ocidente.

Em muitas das vezes, são os próprios pacientes que, quando nos procuram, já realizaram a detecção dos fatores causadores ou desencadeantes de diversos transtornos de ansiedade (ou de suas formas de apresentação), como por exemplo: Insatisfação ou frustração profissional, expectativas incessantes em relação ao futuro, preocupações com familiares, problemas relacionados ao convívio social, desentendimentos e desavenças no ambiente de trabalho, endividamento, processos judiciais, desemprego, dentre outros.

Também em razão da objetividade da compreensão dos fatores desencadeantes de transtornos ansiosos por parte desses pacientes, e pela compreensão do seu próprio adoecer psíquico, um expressivo número deles não deseja se submeter a psicoterapias, mas expressam o desejo de obter alívio, o mais rapidamente possível, de seu sofrimento, o que é absolutamente compreensível.
De qualquer modo, convém aos psiquiatras apresentar a estes pacientes as opções de tratamento que poderão receber.

Evidentemente, caberá ao psiquiatra, em acordo terapêutico com cada um de seus pacientes, estabelecer o tratamento mais adequado a cada caso. Em se tratando de medicação, buscam-se sempre as medicações mais eficazes para dado diagnóstico, com menor incidência de efeitos colaterais, comodidade posológica, sendo importante informar ao paciente os custos da medicação (ou das medicações) que estarão presentes no tratamento.

Referências:
-ADAA - Anxiety and Depression Association of America
-USA - Centers for Disease Control and Prevention
-National Institute of Mental Health (NIMH)
-U.S. Department of Health and Human Services.

 

Dr Eduardo Adnet

Médico Psiquiatra e Nutrólogo